ILUMINURA

... um dia uma linda borboleta colorida me observava ... (sei que observava)... nela pude sentir um toque de mãos me acariciarem o rosto... em seguida, surgiu mavioso um colibri... me beliscou suavemente com seu bico como se me beijasse a nuca e depois o bico de um seio... neste instante se me aqueceu as pernas livres de roupa... e com espírito de beija flor me tocou o sexo fêmeo que tremia em ritmo de descompasso como o coração de uma libélula que palpitasse suave... era um descompasso doce que lembrava um ronronar felino... mas que crescia como um arfar sublime de tigresas e leoas no cio natural... bem te vi bem te vi bem te vi... ecoava num longe perto o pássaro distante próximo... ele me via ele me via... uns olhos de leopardo me observavam da janela frontal do meu desejo e me sorriam como dentes de marfim prontos a se instalar sobre a pele do meu corpo... dentes aptos a morder macio com ar de aventura na selva com cabana de pelos em árvore frutífera, frondosa... um golfinho salta e entra em mim navegando minha alma... havia mar... há mar... floresta molhada de água doce e salgada... esse é meu corpo... bicho atormentado e calmo que clama se inflamar nos dias... vulcão que paira sem entrar em erupção pelas dúvidas humanas... é difícil apenas ser... apenas ser... eco solene que emudece na fronteira de existir como bicho selvagem que tem de ser contido contido contido... amordaçado... acorrentado... no zooilógico humano... a Terra me prende mas me escapo no Universo... estrelas me carregam com suas mãos brilhantes me dizendo tu és luz tu és luz... jamais vou me esquecer disso.

(8/9/2000)

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